quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Numa fazendinha, no interior do Ceará, os bichos comentavam com muita animação as últimas notícias. Parece que haveria uma grande festa para comemorar o aniversário do proprietário, seu Agenor. Nessa festa, seria oferecida uma feijoada daquelas, para ninguém botar defeitos. Com tudo o que tem direito. O alvoroço era total, todos os bichos queriam participar, pois gostavam muito do seu Agenor.

Felipe, o galo de raça, sacudindo suas penas e rebolando a crista, subiu até a parte mais alta do poleiro e começou a cantar como nunca o tinha feito na vida. Era Co... Co...Cooooooo! para todos os lados. As galinhas, mais de 50, se juntaram e ciscando para aqui, ciscando para lá, acertaram que a melhor forma de colaborar era dobrando a produção de ovos. E lá se foram direto para os ninhos. Foi uma verdadeira chuva de ovos. Todo mundo se esforçando para fazer o melhor: botar ovos e mais ovos.

Mas havia uma coisa errada. Sentado num canto da parede, com a cabeça baixa e os olhos melancolicamente úmidos, estava Romão, o porquinho.

Catarina, a galinha mãe, se aproximou e perguntou:- Mas Romão. O que você tem? Todos os animais estão muito felizes com a proximidade da festa, alegres, colaborando, dando o melhor de si, e tu estás , triste, deprimido.

Romão, com voz triste respondeu com uma pergunta:- Me diga Catarina. Existe algum motivo para estar alegre?

- Pois claro – respondeu a penosa.

- A festa de aniversário! Qual será o prato principal? – perguntou Romão, suspirando.

- Feijoada!-  Respondeu Catarina.


- Pois é, Catarina. Feijoada é feita com costelinha de porco, orelha de porco, mocotó de porco...

- Ai meu Deus, estou entendendo.

- Pois é. Para essa feijoada dar certo, é necessário que eu forneça todos esses ingredientes.


Esta história nos permite visualizar claramente a diferença entre envolvimento e comprometimento.Os animais estavam, na realidade, altamente envolvidos na preparação da festa. Felipe, no poleiro cantando de galo, na sua, fazendo alarde e se mostrando para todos. As galinhas, mostrando seu envolvimento, multiplicando a produção de ovos, que pouco tem a ver com preparar uma feijoada. Já o Romão, ah, Romão, esse sim que estava comprometido. Para que a feijoada pudesse ter sucesso, ele deveria dar tudo de si, até a vida. Nas organizações a situação é idêntica. Frente aos desafios encontramos aqueles que ficam alardeando, cantando de galo, lá em cima do poleiro, só 'mostrando serviço'. Outros 'fazem a sua parte', botando ovos aos montes, sem perceber que esse esforço a nada conduz, pois não é de 'ovos' que a organização está precisando nesse momento. Mas também existem aqueles que, como o Romão, são realmente comprometidos com os resultados. Que dão tudo de si para o sucesso do empreendimento. Que depositam a própria vida para que o resultado apareça, sem se importar com o preço que devem pagar. Essa é a tal diferença entre o envolvimento, superficial, aparente e o comprometimento, real e profundo. Em miúdos: A galinha está levemente envolvida com os ovos, enquanto o porco está totalmente comprometido com o bacon. Ou seja, a galinha põe o ovo e vai ciscar ao sol, mas é o coitado do porco, rapelado e estripado, que vê sua pele fritar e torrar na frigideira.Em tempo: organizações e relacionamentos funcionam praticamente da mesma forma. Há os que se envolvem, há os que se comprometem. E só existem finais felizes quando ambos os parceiros apenas se envolvem ou quando ambos se comprometem. As medidas tem que ser iguais. Ou um dos lados cai.

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