segunda-feira, 31 de outubro de 2011

É trabalhoso nos tornarmos quem somos e não o que a expectativa alheia quer que a gente seja. Exercer nossas singularidades. Escolher tendo como critério o que realmente importa e tem significado para o nosso coração. Priorizar a nossa satisfação, mesmo que, muitas vezes, isso implique interagir com as armadilhas que aqueles que não priorizam o que querem costumam criar para tentar minar a nossa força. Resistir a não compactuar com aquilo que faz com que nos desrespeitemos em troca de aliança e enganosa proteção. Buscar pertencimento, desde que ele não nos custe deixar de pertencer a nós mesmos. E nos afaste da nossa alma. E nos contraia a espontaneidade. E nos encolha a alegria.

É trabalhoso seguir esse caminho e não há retorno depois que enveredamos nele. Ele nos leva a descobrir nossos dons e colocá-los a serviço da vida, ainda que não se enquadrem na categoria do que costuma ser entendido como sucesso. A buscar o sensível tempero que permite que agrademos aos outros sem nos desagradarmos. A assumir responsabilidade pelas nossas escolhas e lidar com as dádivas e as dificuldades que isso envolve. A não ceder à tentação de atribuir a alguém, a Deus, ao Universo, o ônus pelos nossos eventuais prejuízos.

[Ana Jácomo]


Foto: Candice Accola

"Tem dias que só queremos o alívio e a coragem de uma desistência. E logo eu, que tenho um sorriso muito fácil, que carrego um punhado de inícios diários, acordei com o sal de ontem demorando demais no corpo..."


[Priscila Rôde]

Happy Halloween

Queria tanto que a tradição do Halloween fizesse parte da nossa cultura. As comemorações americanas são tão lindas, enfeitadas, é como o Natal no Brasil. Adoro fantasias e o clima todo que envolve o Halloween.

sábado, 29 de outubro de 2011

"Oh! Bendito o que semeia
 Livros...livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe - que faz a palma
É chuva - que faz o mar".

[Castro Alves in Espumas Flutuantes]



"Eu, por exemplo, gosto do cheiro dos livros. Gosto de interromper a leitura num trecho especialmente bonito e encostá-lo contra o peito, fechado, enquanto penso no que foi lido. Depois reabro e continuo a viagem. (…) Gosto do barulho das paginas sendo folheadas. Gosto das marcas de velhice que o livro vai ganhando: (…) a lombada descansando, o volume ficando meio ondulado com o manuseio. Tem gente que diz que uma casa sem cortinas é uma casa nua. Eu penso o mesmo de uma casa sem livros".

[Martha Medeiros]

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

"Ninguém precisa se assustar com a distância, os afastamentos que acontecem. Tudo volta! E voltam mais bonitas, mais maduras, voltam quando tem que voltar, voltam quando é pra ser. Acontece que entre ainda-não-é-hora e nossa-hora-chegou, muita gente se perde. Não se perca viu!"

[Caio Fernando Abreu]

terça-feira, 25 de outubro de 2011

"...eu quero mais dessa maluquice que me ajuda a reinventar maneiras de estar aqui. Porque para se estar aqui com um pouco que seja de conforto na alma há que se ter riso. Há que se ter fé. Há que se ter a poesia dos afetos. Há que se ter um olhar viçoso. E muita criatividade."

[Ana Jácomo]

"Sentir não é brega. Ao contrário: 
 não existe nada mais chique."

[Caio Fernando Abreu]

"Não importa o quanto às vezes seja difícil,
O quanto às vezes eu me atrapalhe,
O quanto às vezes eu seja a densa nuvem que esconde o meu próprio sol,
Quantas vezes seja preciso recomeçar:

-Combinei comigo não desistir de mim.-"

[Ana Jácomo]


"O passado é um lugar bonito para se visitar de vez em quando. Não para morar. O tempo tem sua mágica. Não se vive uma vida de 'ontes'."

[Cris Guerra]

"Coragem, às vezes, é desapego (...) 
É aceitar doer inteiro até florir de novo. 
É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais."

[Ana Jácomo]

"A gente finge que arruma o guarda-roupa, arruma o quarto, arruma a bagunça. Tira aquele tanto de coisa que não serve, porque ocupar espaço com coisas velhas não dá. As coisas novas querem entrar, tanta coisa bonita nas lojas por aí. Mas a gente nunca tira tudo. Sempre as esconde aqui, esconde ali, finge para si mesmo que ainda serve. A gente sabe. Que tá curta, pequeno, apertado. É que a gente queria tanto. Tanto. Acredito que arrumar a bagunça da vida é como arrumar a bagunça do quarto. Tirar tudo, rever roupas e sapatos, experimentar e ver o que ainda serve, jogar fora algumas coisas, outras separar para doação. Isso pode servir melhor para outra pessoa. Hora de deixar ir. Alguém precisa mais do que você. Se livrar. Deixar pra trás. Algumas coisas não servem mais. Você sabe. Chega. Porque guardar roupa velha dentro da gaveta é como ocupar o coração com alguém que não lhe serve. Perda de espaço, tempo, paciência e sentimento. Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa. Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.” 

[Caio Fernando Abreu]

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

"Mas ele veio. 
Ele veio e trouxe milhares de barulhos, cheiros e caras, dessas que ele faz pra tentar me seduzir. 
Eu tive de dividir os meus sons com os dele. 
Os meus cheiros com os dele.Os meus pés também. 
Eu tive que fazer aquelas caras que faço quando o resto do mundo não me interessa mais. 
A gente riu: eu dele e ele de mim.
E então eu quis, secretamente, 
que os pés dele nunca mais andassem para longe dos meus."

[Maria clara Monrae]

Depois disso, tudo passa
E aí você cai e levanta maior. E você percebe que amor é algo raro de sentir. E ...que na verdade, amamos com a cabeça e não com o coração. Que a mente tem mais poder do que imaginávamos. E que ser a vítima da história pode não ser bom, mas é mais digno. E descobre que precisa fingir pra seguir. E finge que não ama mais. Que esqueceu. Que não deseja que a vida devolva com toda a força um mal que alguém te fez. E finge com a boca. E finge com os olhos. E finge pra si mesma. E volta e meia, de tanto fingir, você acredita. E uma foto, um sorriso, e um olá, trazem a tona tudo aquilo que suja sua felicidade forjada. 

E você cai outra vez. Mas cai sabendo que vai levantar forte. E um dia você acorda e percebe que não está mais fingindo que não sente. Você tem certeza que tudo aquilo que te deixava triste, deixou de existir. Aí você percebe que nada foi fingimento. E passa a chamar de pensamento positivo e certeza de que quem decide o que vai sentir, é você mesma. E depois disso, tudo passa a doer menos. Depois disso, tudo passa.

Foto: Nicole Kidman

O amor mais contundente é o que não precisa ser visto para existir. E continuará sendo feito apesar de não ser reparado.

[...]

Ao perseguir o amor de cinema, desdenhamos o amor de teatro, de quem encena a peça todo dia ao nosso lado, sempre com uma interpretação nova a partir das falas iguais.

Ao cobiçar o amor sensual de lareira e restaurante, apagamos a delícia de comer direto nas panelas, sem pratos, sem medo do garçom.

Ao perseguir a aventura, negamos a permanência.

Preocupados em ser reconhecidos mais do que amar, esquecemos a verdade pessoal e despojada do nosso relacionamento. Recusamos o amor constante, o amor cúmplice.

Não valorizamos a passionalidade silenciosa, a passionalidade humilde, a passionalidade generosa, a passionalidade tímida, a passionalidade artesanal.

O passional pode ser discreto na aparência e prático na ternura.

O amor real é secreto. É conservar um pouco de amor platônico dentro do amor correspondido. É reservar as gavetas do armário mais acessíveis para as roupas dela, é deixar que sua mulher tome a última fatia da pizza que você mais gosta, é separar as roupas de noite para não acordá-la de manhã. E nunca falar que isso aconteceu. E não jogar na cara qualquer ação. E não se vangloriar das próprias delicadezas.

Buscá-la no trabalho é o equivalente a oferecer um par de brilhantes. Esperá-la com comida pronta é o equivalente a acolhê-la com um buquê de rosas vermelhas.

São demonstrações sutis, que não dá para contar para os outros, mas que contam muito na hora de acordar para enfrentar a vida.


"E eu soube que conosco seria diferente[...] que nosso casamento não seria igual á todos os outros naquele momento: quando entramos no quarto de hotel, ele me deitou na cama e não disse: Enfim sós, ele disse: Enfim juntos”
[Martha Medeiros in Divã]

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

"...Se levo esperas e esperança no coração, é porque também guardo uma lembrança bonita de dias mais bonitos ainda. E algo me diz que ainda virão novas inspirações, essas que a primavera traz, pra florescer a vida da gente. O mundo gira (mas gira sem parar), os sorrisos se renovam, os abraços mais verdadeiros nunca me abandonam, e a vida têm me esfregado na cara, lindos motivos pra ser feliz. O sol voltou a brilhar com força. Lá fora e aqui dentro do peito. Sou toda luz outra vez." 

[Karla Tabalipa]

"O amor é o que não lembramos para continuar lembrando [...] Todo dia será exaustivamente igual: é uma atenção renovada, não exclusiva. Uma dedicação nula. Uma devoção secreta que não traz fama e reconhecimento. Coisas simples que não podem ser contadas ou glorificadas durante a semana. Que são apagadas no mesmo momento do ato 
[...]
É o que me põe apaixonado numa mulher: [...] o que somente protege, mas que é confidente das raízes. O quanto ela é capaz de estar ao seu lado sem que necessite imortalidade. O quanto me torno observador das inutilidades. Falei inutilidades, pois é, não errei a digitação, quem ama conserva inutilidades.

[Fabrício Carpinejar in Mulher Perdigueira, 'Pratinho do vaso']

Foto: Filme Up

terça-feira, 18 de outubro de 2011

"Dona moça, me faz um favor? Não supervalorize os maldosos que te atravessarem o caminho. Não dê importância demais a quem perde horas do seu dia tentando borrar seu sorriso. Pise forte na maldade. Sem tropeçar, sem fraquejar. Junte todas as pessoas que te querem bem, te mandam boas vibrações e te enchem de paz, e esmague as más vibrações com o peso delas. Não aceite críticas de quem não conhece suas lutas diárias.
Não tolere julgamentos de quem não consegue ficar em paz diante do seu brilho. E brilhe cada vez mais forte, até cegar a energia ruim dessa gente que tenta ser feliz por vingança, enquanto você planta paz e esperança e colhe alegrias por merecimento.
Envie luz pra quem te calunia e deseja mal. Deseje fé em si mesmo, pra quem não consegue acreditar na felicidade que tanto diz estar vivendo.
Espalhe suas levezas e doçuras, desate os nós que o passado deixou e flutue.
Se algumas pessoas te desejarem o mal, deseje a elas amor. E felicidade o suficiente pra que vivam as suas vidas e esqueçam de uma vez por todas da sua.
Esquece essa gente pequena, dona moça. Não é todo mundo que guarda no peito, um baú feito o seu, cheio de inspiração, flores, cores e delicadezas.
Tem gente que transforma o que passou, em mágoa. Feliz é você, dona moça, que pega o que restou do passado e transforma em poesia."

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

"...a fé, abençoada seja ela para todo o sempre, além de arredar montanhas do caminho daqueles que do seu poder se beneficiam, é capaz de atrever-se às águas mais torrenciais e sair delas enxuta."

[José Saramago - Ensaio sobre a lucidez]



"Temos de ver todas as cicatrizes como algo belo. Combinado? Este vai ser o nosso segredo. Porque, acredite em mim, uma cicatriz não se forma num morto. Uma cicatriz significa: 'Eu sobrevivi'."

[Chris Cleave in Pequena Abelha
Foto: Rihanna

domingo, 16 de outubro de 2011

“E mesmo que meus passos sejam falsos, mesmo que os meus caminhos sejam errados, mesmo que meu jeito de levar a vida incomode, eu sei quem sou. E sei pelo que devo lutar, e se você acha que meu orgulho é grande, é porque nunca viu o tamanho da minha fé.”

[Tião Carreiro]

"Se gente não fosse feita pra ser feliz, Deus não teria caprichado tanto nos detalhes. 
Perseverança não é somente acreditar na própria rede. Perseverança é não deixar de crer  na capacidade de renovação das águas."

[Ana Jácomo]


"Sim, existe essa saudade que sabemos, indefinível mistura de sensação de perda com esperança. Ela aí está, extrovertida nas canções, poemas, textos e falas. É a saudade que dói. 
Mas há a outra, oculta: a saudade que rói. Esta, não é clara e raramente aparece como tal. Vem por deprimir, por diminuir as resistências ou provocar o azedo do mal estar. É a saudade que adoece, a da ziquizira, o calundu dos negros escravos. É a irmã da impossibilidade.
A outra saudade, a poética, baseia-se na possibilidade de ser vencida pelo reencontro, pela oportunidade de cessarem as causas da separação. Atenua-se com a esperança, da qual é irmã. Ela só existe por não estar sendo possível aquilo que será. Ela antevê a felicidade posterior da qual é o preço pago por antecipação.
A saudade oculta, esta é sorrateira, lava por dentro, sem manifestações que a tornem clara. Rói, por saber impossível o objeto de sua causa. Existe nas perdas definitivas, na morte, nas impossibilidades de realizar o que existe de verdadeiro entre as pessoas que lhe são a causa. Pessoas ou fatos, acontecimentos, o tempo sem cicatriz do que passou e não há como juntar.
A saudade oculta não fala, tampouco faz versos ou melodias. É calada, surda e muda. Tão somente rói. É ignota. Amargura d’alma jamais chegada ao nível da razão. Ela não fala, age. Derruba esperanças em silêncio. Desaba alegrias sem dar razões. Detona males do corpo, cansaços, alergias ou ameaças de morte. Faz doer as juntas, torna pesado o modo de andar e endurece o corpo enquanto o entorta. Traz inexplicáveis insônias e a tristeza vaga das dores sem solução." 

[Artur da Távola]

"O amor assusta porque ao nascer já anuncia: posso acabar. 
Pior: o amor do outro pode acabar. 
Ou nada disso: pode a vida e o dia e as horas serem mais fortes que qualquer impulso, e o que era um-mais-um torna-se um a um. E o que resta é cada um levando como pode o que pulsa em si. 

O amor é ter a perder. Ou não ter nada. 
É tudo e todo o medo e todos os perigos. 
Ou nada e paz. Ou nada. 

O amor que nasce é assustadoramente amor. O amor que segue sozinho é assustadoramente só. Não há meio-termo porque o que o amor quer é coragem, o amor quer entrega, o amor sempre quer. Nem sempre é harmonia, nem sempre delicadeza. Mas sempre amor. Até não mais. E isso demora. 

É maior que nós, o amor. Faz sombra e assusta. Até que se veja dele o seu verdadeiro tamanho. A sombra do amor assusta. Até que se entenda que ela é sombra e só. 

O amor nos pede a escolha: ser do tamanho do medo ou da coragem. 

[Cristiana Guerra]

sábado, 15 de outubro de 2011

"Porque tenho sido tudo, e creio que minha verdadeira vocação
é procurar o que valha a pena ser." 

[Monteiro Lobato]

"Aprenda com quem tiver algo a ensinar, e ensine algo àqueles que estão engessados em suas teses de certo e errado. Troque experiências, troque risadas, troque carícias. Não é preciso chegar num momento-limite para se dar conta disso. O enfrentamento das pequenas mortes que nos acontecem em vida já é o empurrão necessário. Morremos um pouco todos os dias, e todos os dias devemos procurar um final bonito antes de partir." 

[Martha Medeiros in Doidas e Santas - "Antes de Partir"]

Dia do Professor

Gostaria de agradecer a todos que se empenham em transmitir conhecimento, experiência e que se dedicam a engrandecer e influenciar na formação, não só educacional, mas também na formação do caráter de muitos alunos.

"Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho. A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda."

[Paulo Freire]

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

"Dores vão e vem, mas enquanto tiver um sorriso no meio do caminho, um ombro pra encostar, uma piscada pra esquecer, um céu azul, uma janela aberta e um amanhecer de primavera você vai querer se reerguer e ver que quem perdeu não foi você.
Aprende menina, alguns sorrisos recebidos na vida não foram feitos pra lembrar. Foram pra guardar. No coração."

[Vanessa Leonardi]

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A vida pode ser mais leve. Mais lúdica. Se eu não brincasse, enlouqueceria. Não posso nem sei ser essa imagem que tanta gente congelou a respeito do que é ser adulto. Passo longe desse freezer. Quero o calor da vida. Quero o sonho e a realidade melhor que ele puder gerar. Quero alguma inocência que não seja maculada. Quero descobrir coisas que não suspeito existirem e, que para minha surpresa, têm significado para o meu coração. Adulta, quero caminhar de mãos dadas, vida afora, com a criança que me habita: curiosa, arteira, espontânea. 

[Ana Jácomo]

Foto: Dakota Fanning e Britanny Murphy in Grande Menina, Pequena Mulher

"Eu constantemente sinto saudade das coisas que perco, 
mas não as quero de volta. 
Já doeu uma vez." 

[Caio Fernando Abreu]

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Como o meu blog fala de sentimento, nada mais justo do que a postagem de hoje, até para quem não atua na área do direito vale a pena ler esse voto, verdadeira lição de direito, mas, principalmente de humanidade 

O Tribunal de Justiça de São Paulo, através de voto proferido pelo desembargador José Luiz Palma Bisson, em Recurso de Agravo de Instrumento (nº 1001412-0/0 – 36ª Câmara) ajuizado contra despacho de um Magistrado da cidade de Marília (SP), que negou os benefícios da Justiça Gratuita a um menor, filho de um marceneiro que morreu depois de ser atropelado por uma motocicleta. O menor ajuizou uma ação de indenização contra o causador do acidente pedindo pensão de um salário mínimo mais danos morais decorrentes do falecimento do pai.

Por não ter condições financeiras para pagar custas do processo o menor pediu a gratuidade prevista na Lei 1060/50. O Juiz, no entanto, negou-lhe o direito dizendo não ter apresentado prova de pobreza e, também, por estar representado no processo por “advogado particular”. A decisão proferida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a partir do voto do Desembargador Palma Bisson é daquelas que merecem ser comentadas, guardadas e relidas diariamente por todos os que militam no Judiciário.

Segue a íntegra do voto:

“É o relatório.
 Que sorte a sua, menino, depois do azar de perder o pai e ter sido vitimado por um filho de coração duro – ou sem ele -, com o indeferimento da gratuidade que você perseguia. Um dedo de sorte apenas, é verdade, mas de sorte rara, que a loteria do distribuidor, perversa por natureza, não costuma proporcionar. Fez caber a mim, com efeito, filho de marceneiro como você, a missão de reavaliar a sua fortuna. 
Aquela para mim maior, aliás, pelo meu pai – por Deus ainda vivente e trabalhador – legada, olha-me agora. É uma plaina manual feita por ele em paubrasil, e que, aparentemente enfeitando o meu gabinete de trabalho, a rigor diuturnamente avisa quem sou, de onde vim e com que cuidado extremo, cuidado de artesão marceneiro, devo tratar as pessoas que me vêm a julgamento disfarçados de autos processuais, tantos são os que nestes vêem apenas papel repetido . É uma plaina que faz lembrar, sobretudo, meus caros dias de menino, em que trabalhei com meu pai e tantos outros marceneiros como ele, derretendo cola coqueiro – que nem existe mais – num velho fogão a gravetos que nunca faltavam na oficina de marcenaria em que cresci; fogão cheiroso da queima da madeira e do pão com manteiga, ali tostado no paralelo da faina menina.
Desde esses dias, que você menino desafortunadamente não terá, eu hauri a certeza de que os marceneiros não são ricos não, de dinheiro ao menos. São os marceneiros nesta Terra até hoje, menino saiba, como aquele José, pai do menino Deus, que até o julgador singular deveria saber quem é.
O seu pai, menino, desses marceneiros era. Foi atropelado na volta a pé do trabalho, o que, nesses dias em que qualquer um é motorizado, já é sinal de pobreza bastante. E se tornava para descansar em casa posta no Conjunto Habitacional Monte Castelo, no castelo somente em nome habitava, sinal de pobreza exuberante.
Claro como a luz, igualmente, é o fato de que você, menino, no pedir pensão de apenas um salário mínimo, pede não mais que para comer. Logo, para quem quer e consegue ver nas aplainadas entrelinhas da sua vida, o que você nela tem de sobra, menino, é a fome não saciada dos pobres .
Por conseguinte um deles é, e não deixa de sê-lo, saiba mais uma vez, nem por estar contando com defensor particular. O ser filho de marceneiro me ensinou inclusive a não ver nesse detalhe um sinal de riqueza do cliente; antes e ao revés a nele divisar um gesto de pureza do causídico. Tantas, deveras, foram as causas pobres que patrocinei quando advogava, em troca quase sempre de nada, ou, em certa feita, como me lembro com a boca cheia dágua, de um prato de alvas balas de coco, verba honorária em riqueza jamais superada pelo lúdico e inesquecível prazer que me proporcionou.
Ademais, onde está escrito que pobre que se preza deve procurar somente os advogados dos pobres para defendê-lo? Quiçá no livro grosso dos preconceitos…
Enfim, menino, tudo isso é para dizer que você merece sim a gratuidade, em razão da pobreza que, no seu caso, grita a plenos pulmões para quem quer e consegue ouvir.
Fica este seu agravo de instrumento então provido; mantida fica, agora com ares de definitiva, a antecipação da tutela recursal.
É como marceneiro que voto.”
 [Des. JOSÉ LUIZ PALMA BISSON — Relator Sorteado]

Clique aqui para acessar o acórdão original

sábado, 8 de outubro de 2011

"Amor é realidade, dia a dia, dificuldade. Amar é vencer uma batalha todo santo dia. Porque não é fácil conviver com alguém. Não é fácil dizer olha, te entrego meu coração, meu sentimento, minha emoção. Olha, cuida bem de mim. Cuida do que eu sinto. A gente tem que baixar a guarda, engolir o orgulho, se deixar levar. Se perder para se encontrar. O amor é um encontro. De você com você mesmo. Amar é se ver nos olhos do outro. Mesmo que ele esteja com os olhos fechados."

[Clarissa Corrêa]





"Alguém lá tem certeza absoluta do que quer que seja? Somos todos novatos na vida, cada dia é uma incógnita, podemos ser surpreendidos por nossas próprias reações. As ditas "certezas" apenas são escudos que nos protegem das mudanças. Mudar é difícil Crescer é penoso. Olhar para dentro de si mesmo, com profundidade, é sempre perturbador".

[Martha Medeiros]


"...fui à janela indagar da noite por que razão os sonhos hão de ser assim tão tênues que se esgarçam ao menor abrir de olhos ou voltar de corpo, e não continuam mais."

[Machado de Assis in Dom Casmurro]


Foto: Claire Danes  in Romeo e Julieta

"Não há promessas para amarrar o futuro. 
Há confissões de amor para celebrar o presente

[Rubem Alves in Retratos de Amor]

"Naturalmente, Outubro sabia que o ato de virar uma página, terminar um capítulo ou fechar um livro não encerrava uma história.
Tendo admitido isso, reconheceria também que finais felizes não eram difíceis de encontrar: É apenas uma questão, explicou para Abril, de encontrar um canto ensolarado num jardim, onde a luz é dourada e a grama é macia; um local para descansar, parar de ler e ficar satisfeito."

[O Homem que Era Outubro, de G.K. Chesterton / Biblioteca de Sonhos]

"Ah, meu amor, meu peito ainda bate 
pela certeza - meio incerta - de que um dia tudo passa.” 

[Caio Fernando Abreu]

"A morte é terrivelmente final, 
ao passo que a vida está cheia de possibilidades."

[R.R. Martin in “As Crônicas de Gelo e Fogo Livro 1: A Guerra dos Tronos”]

Foto: Drew Barrymore in ensaio fotográfico de annie leibovitz”

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

"Pessoas realizadas e felizes são desacreditadas, as que se derramam em sentimentos então, quase uma aberração. Tenho pena desse mundinho de falsa segurança onde o ceticismo prevalece. 

Eu não sei ser um pedaço, sou várias partes de um todo, mas todas estão ali, expostas, isso de decifra-me ou te devoro é coisa de esfinge, não preciso de mistério para parecer interessante, só me aceito inteira, meus devaneios me completam." 

[Renata Fagundes]

Na minha dor cabe o tempo. O tempo de esquecer, de levantar. Tempo de virar a página e partir pra outra. De tentar ser mais e melhor. De buscar energia positiva em volta de pessoas do bem. Tempo de me amar. 

Na minha alegria cabe o riso. O riso daqueles que convivem comigo. De dias grandes cheios de gente dentro. De conversas jogadas fora. De gente fazendo gracinha só pra me encantar.

Na minha amizade cabe um abraço. Daqueles que envolvem o mundo todinho com as mãos. Daqueles que esquentam e traz paz e carinho, aconchego e vontade de ficar morando dentro.

Na minha prece cabe o outro. Aquele que mora do outro lado do mundo e que eu não conheço, mas sei que existe. Que existe e precisa de luz. Que existe e precisa de paz. Pra ele eu mando meus pensamentos mais bonitos, pra ele eu mando o pouco que me cabe, mas que é inteiro coração.

Na minha solidão cabe um livro. Pode ser Clarice, Caio ou Adélia. Cabe um lágrima rolando sozinha, mas que me acrescenta algo de divino. A lágrima é que me humaniza. Faz com que eu estique a alma num varal de delicadezas. 

Na minha eternidade cabe nós. Cabe eu e minha família. Eu e meus amigos. Os de perto, os de longe, os do outro lado da tela do computador. Cabe os dias bonitos. Cabe os choros divididos, os risos compartilhados, os abraços jamais esquecidos. Cabe os laços, cabe as luzes, as memórias e suas saudades.

Na minha vontade cabe um jardim. Uma casa toda branca com janelas azuis. Uma roseira no quintal e um girassol na porta de entrada. Cabe um amor limpinho morando dentro dela. Cabe eu e minha história, bordada de afinidades, amor e leveza. 

[Cris carvalho]

Contemplar o céu, as nuvens, a lua e as estrelas tranquiliza-me e devolve-me a esperança, isto não é, certamente, imaginação. A Natureza torna-me humilde e prepara-me para suportar com valentia todos os golpes.
[...]
Enquanto isto existir e eu possa ser sensível a isto - a este sol radiante, a este céu sem nuvens - não posso estar triste.

[Anne Frank In "Diário de Anne Frank]

"Se, ao acordar, posso escolher uma roupa, posso escolher também o sentimento que vai vestir meu dia. Se, no percurso, posso errar o caminho posso também escolher a paisagem que vai vestir meus olhos. A mesma articulação que tenho para reclamar, tenho para agradecer. E, se posso me adornar com a alegria, não é a tristeza que eu vou tecer. Que hoje e sempre, seja mais um belo dia."

[Marla de Queiroz]

"As pessoas não têm paciência para relacionamentos. Se está ruim elas simplesmente trocam. Não tentam, não se empenham, não lutam para dar certo. Não acho que a gente tem que aceitar tudo que o outro nos dá. Não acho que temos que cruzar os braços para o que está errado. Mas o amor exige uma dose de sacrifício. O amor não é descartável. O amor não pode ser jogado fora. Não dá pra fazer uma lipo no amor. A gente tem é que lutar por ele. Diariamente.

[Clarissa Corrêa]


Não sou de meias palavras, olhares atravessados, 
meias verdades, meio quente, 
meio lúcida, meia boca... 
gente morna me embrulha o estômago. 
Se eu, só sei ser inteira, por favor não me venha com metades. 

[Renata Fagundes]

O problema com contos de fadas é que eles levam uma garota ao desapontamento. Na vida real, o príncipe foge com a princesa errada.. ou o feitiço acaba e os dois amantes se dão conta de que são melhores com o que quer que sejam. Mas vou confessar, de vez em quando uma garota consegue seu final de contos de fada.


[Gossip Girl]

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"... vamos ao cinema para ver o conto de fadas...Uma rainha adormecida acordou com seu verdadeiro beijo. Uma princesa que coloca sua coroa de lado para progredir. Amantes separados se unindo novamente. Mas a vida não é um conto de fadas e finais felizes são poucos e raros. Na vida uma jovem rainha vira uma tirana. E leva seus súditos para a gerra. É por isso que precisamos de filmes, para lembrar que apesar de tudo o amor ainda pode nascer nos locais mais improváveis. E algumas vezes até contos de fadas podem se realizar."

[Gossip Girl]

Foto: Penélope Cruz e Jeff Bridges como "A Bela e a Fera" na campanha da Disney "Let the Memories Begin (Que comecem as recordações)", em foto de Annie Leibovitz

"Sua jornada moldou você para seu bem maior, e foi exatamente o que precisava ser. Não pense que você perdeu tempo. Não existem atalhos para a vida. Foi necessária cada e toda situação que você encontrou para trazê-lo para o agora. E agora é o momento certo."

[Asha Tyson]

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"Se tinha de estar só, faria da solidão sua armadura."

[R.R. Martin in “As Crônicas de Gelo e Fogo Livro 1: A Guerra dos Tronos”]

"Há algo em mim que não desaprende esse caminho. Que segue, quando, aparentemente, eu paro. Que continua a luzir, mesmo quando eu tropeço nas minhas sombras. Há algo em mim que me salva de mim. Que me leva pela mão para brincar. Para conhecer o que continua vivo e belo além de toda e qualquer gaiola. Além dos meus tempos de muda. Algo que me mostra uma paz intensa e verdadeira. Que não me deixa esquecer que continuo a ter asas, mesmo quando eu não voo..."

[Ana Jácomo]

terça-feira, 4 de outubro de 2011

"Tantas vezes, tantas, como agora, me tem pesado sentir que sinto – sentir como angústia só por ser sentir, a inquietação de estar aqui, a saudade de outra coisa que se não conheceu, o poente de todas as emoções… Ah, quem me salvará de existir? Não é a morte que quero, nem a vida: é aquela outra coisa que brilha no fundo da ânsia…”

[Fernando Pessoa in O Livro do Desassossego]

"Nenhuma luta haverá jamais de me embrutecer, 
nenhum cotidiano será tão pesado a ponto de me esmagar, 
nenhuma carga me fará baixar a cabeça. 
Quero ser diferente, eu sou, e se não for, me farei." 

[Caio Fernando Abreu]

"Acorde, garota! Você é linda, inteligente, tem um ótimo perfume e seus olhos brilham mais que um punhado de purpurina. Por que chora? Perdeu em alguma esquina seu encanto?! Ninguém pode tirar de você seu mais belo sorriso, motivo de idas e vindas saltitantes. Coloque sua música favorita para tocar, respire fundo e faça o que de melhor sabe fazer: ser você." 

[Caio Fernando Abreu]

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Sentimentos Soltos

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