sexta-feira, 19 de março de 2010

Basta você, eu, nós


Para meu coração basta teu peito
para tua liberdade bastam minhas asas.
Desde minha boca chegará até o céu
o que estava dormindo sobre tua alma.
E em ti a ilusão de cada dia. 

Chegas como o sereno às corolas.
Escavas o horizonte com tua ausência
Eternamente em fuga como a onda.


 Eu disse que cantavas no vento
como os pinheiros e como os hastes. 
 Como eles és alta e taciturna
e intristeces prontamente, como uma viagem.

Acolhedora como um velho caminho.
Te povoa ecos e vozes nostálgicas.
eu despertei e as vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam em tua alma.


  
[Pablo Neruda]

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