terça-feira, 29 de novembro de 2011

 
"Dou-lhe um conselho, filho. Nunca diga que uma mulher foi sua. Essas são coisas para nós. mulheres, dizermos. Só nós sabemos de quem somos. E nunca somos de ninguém."


[Mia Couto in A Chuva Pasmada]

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

 Era prazer? Era.
Mas era mais que prazer.Era alegria
A diferença? O prazer só existe no momento. 
A alegria é aquilo que existe só pela lembrança.
O prazer é único, não se repete.
Aquele que foi, já foi.Outro será outro.
Mas a alegria se repete sempre.
Basta lembrar. 

[Rubem Alves in Um mundo num grão de areia]

"A estrada deve ser percorrida, mas será muito dificil. E nem a força nem a sabedoria nos levarão muito longe, [...] Essa busca deve ser empreendida pelos fracos com a mesma esperança dos fortes. Mas é sempre assim o curso dos fatos que movem as rodas do mundo: as mãos pequenas os realizam porque precisam, enquanto os olhos dos grandes estão voltados para outros lugares."

[J. R. R. Tolkien in Senhor dos Anéis: Sociedade do Anel, Vol 1]

domingo, 27 de novembro de 2011

"Não me aproximo porque, veja bem, sabe lá quem habita a tua solidão. Hesito. Recuo. Me afasto tristíssima. E te imagino em poses e sorrisos, voz grave e cabelos desgrenhados, preso nas minhas fantasias mais loucas e movimentadas. Numa delas sou um bichinho invisível, com asas, que adentra tua casa e te observa em segredo. Faço o contorno do teu corpo todo com os olhos, parada contra a parede do teu quarto, imóvel, enquanto tu te atiras na cama. Cansado. Tu olhas para o teto imaginando mil coisas, memórias, compromissos, desejos, saudades. Te fito com dor. A luz do abajur faz sombra na tua pilha de livros, que folheei um dia e quis pedir emprestado mesmo sabendo que não havia intimidade para pedidos. Por razões que desconheço, nossas aproximações foram sempre pela metade. Interrompidas. Um passo para a frente e cem para trás. Retrocessos. Descaminhos. [...] Nós poderíamos ser amigos e trocar confidências. Assistiríamos a filmes, taça de vinho nas mãos, e tu me detalharias as tuas paixões e desatinos. Nós poderíamos ser amantes que bebem champanhe pela manhã aos beijos num hotel em Paris. Caminharíamos pela beira do Sena, e eu te olharia atenta, numa tentativa indisfarçável de gravar o momento e guardá-lo comigo até o fim dos meus dias. Ou poderíamos ser apenas o que somos, duas pessoas com uma ligação estranha, sutilezas e asperezas subentendidas, possibilidades de surpresas boas. Ou não. Difícil saber. [...] E me pergunto se, quem sabe um dia, na hora certa, nosso encontro pode acontecer inteiro. Porque tu és o único que habita a minha solidão."

[Caio Fernando Abreu]
Foto: Leighton Meester e Ed Westwick

“Nós vamos nos ver, nós vamos conversar, sair juntos, provavelmente nos tocar - e de repente tudo pode realmente ser. Ou não.”

 [Caio Fernando Abreu]

Foto: Guillaume Canet e Keira Knigtley in Last Night (filme maravilhoso)

sábado, 26 de novembro de 2011

"Um amor físico, fatídico, real, raro e patente. Um amor que nasceu, mas nunca viveu. Um amor que aconteceu, mas não foi ocupado. Daquelas comédias românticas que ninguém tem tempo de rir, pois já começa pelo final. Os amores mais bonitos são aqueles que nunca foram usados."

[Gabito Nunes in O amor mais bonito]

É perfeitamente aceitável nos assustarmos diante da possibilidade de amar. Há receio sobre tudo que é maior que a gente.
[...]
Dançar meu tango de par? Eu queria. Mas já não consigo dar passos tão largos. Eu ando desesperançado com as novas canções que duram pouco e repetem sempre a mesma letra. A história da moça que se apaixonou pelo moço, mas achou que estava perturbando e resolveu ligar só mais tarde demais. Mas vamos tocar a vida do jeito que dá. Não vou tirar o pé da tábua. E ainda falo pra deus: manda mais que eu mato no peito.


[Gabito Nunes in De tando com Deus]

"Se o amor fosse uma sobremesa, sonharíamos com creme brulee, não com uma paçoquinha. Teria que ser delicado, leve e muito doce. Mas, convenhamos, a realidade não é servida antes do cafezinho. 

Idealizamos contos de fadas modernos e não percebemos que o amor é construído na simplicidade dos dias. 

No diálogo franco, nas manias que nos fazem rir, na saudade do cheiro, na delicadeza de um elogio, na mão que apóia, no respeito, no sorriso besta ao lembrar de um gesto, um fato. Amor verdadeiro é muito mais que fotos sorridentes em viagens programadas. Não é cobrado ou possuído é fabricado. Com a paciência diária, com a vontade de caminhar juntos, de construir dias nossos, é cumplicidade, lealdade. Não é um doce lindo e bem montado é confeitado com pequenos torrões de açúcar diários." 

[Renata Fagundes]

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Eu cresci. Por dentro e por fora (e, reconheço, pros lados). Sou gente grande, como se dizem por ai. E o mundo à minha volta, à nossa volta, virou aldeia, somos todos vizinhos, todos vivendo apertados, financeira e emocionalmente falando. Saudade de uma alegria descomunal, de uma esperança gigantesca, de uma confiança do tamanho do futuro - quando o futuro também era infinito à minha frente. 

[Martha Medeiros]

"Eu tenho tentado, inutilmente, ser melhor. Me perdi no caminho e não posso voltar ao que era, tampouco posso parar de seguir em frente. Então deve haver uma maneira de evoluir sem perder o direito de sentir. Crescer sem perder a esperança nas pessoas..."

[Verônica H.]

Foto: Drew Barrymore por Annie Leibovitz

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

"Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso. Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim”.


[Caio Fernando Abreu]

"Porque não me interessa a realidade, 
interessa-me se é possível. 
Sendo possível, insisto." 


[Fabrício Carpinejar] 

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Desatei os nós. 
Libertei pequenos sentimentos que agigantavam ressentimentos. 
Esvaziei os bolsos da culpa. Me desfiz de algemas disfarçadas de pesados acessórios. 
Joguei fora velhos discursos, falsas estórias, 
rostos desbotados, há tempos guardados. 
Vasculhei meus labirintos sem medo. Reencontrei velhos fantasmas 
que não mais me amedrontavam. 
Encontrei as chaves que aprisionavam o perdão. Quebrei as paredes dos porões da alma, para respirar, para deixar a luz entrar. Deixei de querer ser mártir, vítima, personagem. 
Me comprometi com a verdade. Essa verdade que não se mostra em fotos sorridentes. 
Fiz as pazes com a serenidade. Reconstruí minha casa na árvore. 
Parei de sabotar minha felicidade. 

[Renata Fagundes]

terça-feira, 22 de novembro de 2011

"Se não for hoje, um dia será. 
Algumas coisas, por mais impossíveis e malucas que pareçam, 
a gente sabe, bem no fundo, que foram feitas pra um dia dar certo." 

[Caio Fernando Abreu]

Foto: Sarah Michelle Gellar e David Boreanaz in Buffy, The Vampire Slayer, 3 ªT

"Felicidade não conhece o tempo. Ela chega com um sorriso, no começo da manhã ou na chegada das primeiras estrelas. Felicidade se acomoda no fundo da alma. Cria um canto onde te faz encontrar com primaveras, setembros, passarinhos, crianças e todas as coisas que te faz sorrir. Os que já sofreram muitas dores aprenderam a dar espaço pra ela. Felicidade bem cuidada não tem medida. Ela só cresce." 

[Vanessa Leonardi]
Foto: Leighton Meester

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

"Vou ser feliz, sem me importar com o que isso irá causar aos outros… o importante é que não estou fazendo mal a ninguém, pelo contrário! Estou apenas enterrando as impurezas e toxinas da minha vida e deixando brotar uma bela e frutífera árvore."
[Caio Fernando Abreu]

domingo, 20 de novembro de 2011

"- Há muitas pessoas que se preocupam com o fim de suas vidas; elas deviam se preocupar mais em dar um verdadeiro significado à vida que têm, uma verdadeira utilidade. Eu acredito que alma nenhuma está realmente perdida e que todos nós iremos alcançar nosso destino. Mas se formos julgados algum dia, eu não tenho dúvida de que a pergunta vai ser: "Quando você amou?" Ninguém vai perguntar: "Quanto você ganhou?", e sim, "Quanto você deu aos outros?" A grandeza aparente não terá importância, somente aquilo que doamos é que vai contar."

[A. G. Roemmers in O Retorno do Jovem Príncipe]

sábado, 19 de novembro de 2011

Prometeu a si mesma:
Não me caberá mais nenhum drama. Só terei esperanças e perspectivas.
Quando algo ensaiar doer, sentirei sono porque acordo cedo no dia seguinte.
Quando um amor ameaçar acabar, lavarei a louça enquanto espero a champanhe gelar.
Sempre haverá essa espera por finais:
De semana, de campeonatos, de novelas.
Tudo será esperança de um final eterno desse drama.

[Marla de Queiroz]

"Pessoas que gostam de andar com a alma uniformizada, por favor, mantenham distância! Gosto de essências pensantes, mutantes e desafiadoras. Aprecio aqueles que não têm vergonha de mudar de idéia... Dos que transgridem." 

[Lígia Guerra]

“Eu achei que quando passasse o tempo, eu achei que quando eu finalmente te visse tão livre, tão forte e tão indiferente, eu achei que quando eu sentisse o fim, eu achei que passaria. Não passa nunca.”

[Tati Bernardi]

Acho que a única razão de sermos tão apegados em memórias, é que elas não mudam, mesmo que as pessoas tenham mudado.

[Bob Marley]
Foto: Sarah Jessica Parker e Chris Noth in Sex and The City

"Eu não acredito que as coisas sejam boas ou ruins, a não ser em relação a nossas necessidades. Mas se eu tivesse que escolher uma qualificação, diria que, como Deus criou tudo, as coisas forçosamente são boas. No plano universal da criação, é possível que muito do que existe ou acontece tenha um significado que ainda não compreendemos. Será que as ervas daninhas existem para que não fiquemos preguiçosos, pois temos que arrancá-las da terra? Será que a dor que existe no mundo para podermos amar e dar valor à felicidade? Será que o ódio existe para que nós possamos vivenciar a alegria espiritual do perdão? A verdade é que, sem dificuldades, seria impossível que nós nos tornássemos seres humanos melhores e descobríssemos nosso verdadeiro eu. É nos momentos mais críticos que trazemos à luz o que há de melhor em nós." 

[A. G. Roemmers in O Retorno do Jovem Príncipe]




Não entendo direito quem age por interesse. Acho um absurdo conseguir alguma coisa pisando ou passando por cima de outra pessoa. Tem gente que usa, abusa e descarta. Não consigo agir dessa forma, tudo que consegui na vida foi com o meu esforço. E, é claro, o apoio de quem me quer bem (isso é fundamental). 
Nunca esqueci o que fizeram por mim. Sei bem o significado da palavra gratidão. Por sinal, acho a ingratidão uma das coisas mais feias e ordinárias do mundo. A gente tem que ser grato por quem nos ajuda, por quem nos dá suporte, por quem fica ao nosso lado quando o mundo resolve despencar bem em cima da nossa cabeça. 
Fico pasma ao ver que muitas pessoas arquitetam e fazem planos mirabolantes até conseguirem o que querem. Sem o menor pudor. Sem o menor peso na consciência. Uma das melhores coisas da vida é poder deitar a cabeça no travesseiro e ter a certeza de que está tudo bem, tudo em paz. 
Pior ainda é quem torce para a desgraça dos outros. Não tem nada mais mesquinho que desejar que o outro se ferre. Acredito que tudo volta. A gente deseja o mal e o mal volta de alguma maneira. Não tem jeito: cedo ou tarde a gente paga (bem caro) pelo que faz. 
Já teve gente que disse que eu ia me ferrar. Já teve gente que torceu para o meu relacionamento não dar certo. Já teve gente que ficou triste com alguma conquista minha. Já teve gente que riu amarelo quando dei uma boa notícia. Desses, sinto um pouco de pena. Pequenos, não conseguem admitir o sucesso do outro. Sempre acreditei que amigo que é amigo fica feliz de verdade quando você está feliz. Ser solidário na merda é tão fácil. Quero ver ser solidário na alegria. Quero ver rir de verdade com as vitórias. 
Tem gente que pensa “não faço nada de ruim, não entendo por que sofro tanto”. Eu sei. É que não adianta a gente não fazer nenhuma maldade. Se temos a oportunidade de fazer o bem e simplesmente cruzamos os braços, automaticamente estamos empacados. É como ter a faca e o queijo na mão e ficar vendo a vida passar. Temos que cortar o queijo. De diversas formas. Temos que colocar o queijo em diversas receitas. Temos que aproveitar tudo que o queijo oferece. Entende? Então, não adianta ficar se queixando e se lamuriando: ah, a minha vida é um marasmo. Ah, eu não tenho sorte. Se você pode mudar alguma coisa, mude. Mesmo que essa coisa seja pequena e pareça, no começo, insignificante. Mesmo porque tudo tem significado. Hoje a gente pode não conseguir enxergar, mas lá na frente os motivos vão dar as caras. Eles sempre dão. E nos surpreendem (ainda bem).

[Clarissa Corrêa]

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

"... eu sei que passa, que se está sendo assim é porque deve ser assim, e virá outro ciclo, depois. Para me dar força, escrevi no espelho do meu quarto: "Tá certo que o sonho acabou, mas também não precisa virar pesadelo, não é? " É o que estou tentando vivenciar. Certo, muitas ilusões dançaram - mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo, eu faço força para manter algumas esperanças acesas, como velas. Também não quero dramatizar e fazer dos problemas reais monstros insolúveis, becos-sem-saída. Nada é muito terrível. Só viver, não é? A barra mesmo é ter que estar vivo e ter que desdobrar, batalhar um jeito qualquer de ficar numa boa. O meu tem sido olhar pra dentro, devagar, ter muito cuidado com cada palavra, com cada movimento, com cada coisa que me ligue ao de fora. Até que os dois ritmos naturalmente se encaixem outra vez e passem a fluir. Porque não estou fluindo."

[Caio Fernando Abreu]
Foto: Keira Knigtley in Last Night,  filme maravilhoso

Zumbis do Direito

       Todas as vezes em que observo os estudantes de Direito, vejo em muito deles, com mais frequência do que antes, caçadores de dinheiro e poder. Tenho dificuldades, atualmente, como professor, em vislumbrar nos futuros “juristas” a sede de justiça que deve permear alguém que escolhe a “profissão das leis”.
       Convivi, na condição de educador do Direito, com dez anos de carreira, com alunos espetaculares. Eram bons não somente na arte de lidar com os melindres da ciência jurídica, mas também compromissados com a justiça na acepção mais viva e material do termo. Contudo, estes eram a exceção.
          A título de esclarecimento, não estou falando exclusivamente do corpo discente da instituição perante a qual, com muita honra, leciono. Na verdade, dei aulas preparatórias para concursos e de reciclagem jurídica, inclusive em pós-graduação. Tal aspecto, deu-me uma visão geral do estudante de Direito e confesso que a conclusão não me agradou.
     Primeiro ponto, verifiquei que as pessoas que optam por Direito, nomeadamente os elitistas frequentadores da UFPB, têm a visão anacrônica da ciência jurídica, vendo-o mais como uma forma de manipulação do poder do que propriamente um instrumento de serventia da equidade e da paz social.
          Os mais intelectuais normalmente não usam do dom para disseminar a igualdade, atributo indissociável do Direito, mas, ao revés, fazem-no elemento para expressão da soberba, do autoritarismo e do egocentrismo acadêmico. Muitas vezes, são um bando de “intelectualóides” que nunca souberam o que é passar fome ou sentiram a dor de uma injustiça cristalizada na imutabilidade da coisa julgada, vomitada por tribunais comprados. 
         Acho que nós, professores, também temos considerável parcela de culpa nessa construção de seres autoritários. Normalmente, ao contrário de seus colegas, o professor de Direito não vive exclusivamente do magistério. Ao revés, mescla-o com carreiras como a advocacia, o ministério público e a magistratura, fazendo do magistério, não raro, um “bico” ou um apêndice para assegurar manutenção do “status” de mestre (sem mestrado, muitas vezes).
        Assim, na maioria das vezes, essas “autoridades” sequer sabem o que é ser professor. São desprovidos da menor noção dos princípios gerais da pedagogia e, na maioria das vezes, com exceções significativas e reconhecidas, são meros rábulas do ensino, os quais repassam para a classe nada mais do que a sua frágil e enclausurada vivência forense.
        Não raro, os acadêmicos não são ensinados a entender o Direito, mas tão somente a decorar acriticamente artigos de lei, muitos destes, oriundos de um parlamento materialmente ilegítimo e desconhecedor do próprio poder jurígeno que detém. O resultado dessa mistura bombástica é a produção em série de zumbis engomadinhos (os bacharéis), absolutamente insensíveis aos problemas jurídicos do país e ávidos apenas por um bom salário.
     Desde o meu tempo de estudante na UFPB, o acadêmico de Direito já se sentia superior aos universitários dos outros cursos. Isto porque, errônea e imaturamente, já se considerava dono da toga do juiz ou com a caneta do parquet. Com efeito, aprovado no vestibular, o aspirante a jurista já mudava seus hábitos, desde suas vestimentas à forma como se expressava verbalmente, passando, muitas vezes, a adquirir uma postura incompatível com a jovialidade de sua etapa de vida.
        O apego à forma, no curso de Direito, é tão teratológico e doentio, que muitos estudantes, para expor erudição da qual não são naturalmente detentores, transformam o dicionário em bíblia com o afã ignóbil e pueril de buscar palavras mais prolixas para suas redações. Saibam estes que a sabedoria está na simplicidade e não num vocabulário forjado e falsamente concebido.
        Existe outro segmento de alunos do curso que sequer gostam do que estudam. Fazem-no por imposição dos pais ou por simples vontade de melhorar suas condições de vida. Muitos ainda veem no Direito uma chance de ser aprovado em um concurso e viver folgadamente para o resto da vida. Ledo engano! A OAB vomita candidatos, em suas provas (o que faz muito bem). A média de aprovação é menos de 10%, o que significa dizer que, ao menos, 90% não conseguirão exercer a advocacia.
      Doutra banda, os almejados cargos de juiz ou membro do Ministério Público ainda são mais inacessíveis. O índice de aprovação chega a um ou dois por cento, o que resvalam no mercado do desemprego milhares de “juristas”. Não sei se o leitor sabia, mas há mais faculdades de Direito no Estado da Paraíba do que em muitos países da Europa, como por exemplo Portugal. Essa numerosidade de instituições mediocriza a profissão e compromete o mercado de trabalho.
        Assim, é bom a galera do “juridiquês” baixar a bola. Cursar Direito é ter razoável expectativa de exercer uma profissão qualquer, digna, mas nem melhor ou pior do que tantas outras. O diferencial está na dedicação pessoal e no compromisso singular com a sociedade e com aquilo que é bom e honesto. Se isto é raro em qualquer profissão, em Direito, é mais raro ainda.
 

Jormal Correio da Paraíba 18 de novembro de 2011  
 

quinta-feira, 17 de novembro de 2011


"Falam de tudo. Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzisses, chatices, mesmices, grandezas, feitos, espantos. Sobretudo falam do comportamento e falam porque supõem saber. Mas não sabem, porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente. Se sentissem não falariam."

[Nelson Rodrigues]

"Eu não quero que minhas vontades tortas e meus desejos secretos fiquem escondidos. Eu quero mais é que eles saíam por aí, nem que seja para não se atrofiarem. Eu sigo o que tenho de mais valioso: meu coração. Se você estiver no meu caminho, te levarei comigo. (Quer vir?)

[Fernanda Mello]

"...aí o tempo passa e vemos que (sinto informar) nada muda. Continuamos histéricos, inseguros, com medos e nos achando feios, gordos e sem roupa. Sempre. Até que encontramos alguém. Alguém que não faz a gente precisar ser mais bonito para o mundo, alguém que a gente não odeia quando vez ou outra tira nosso sono. E percebemos que namoro não é estepe nem solução para ser aceito. Namoro é, de fato, quando a gente é abraçado por quem a gente gosta. E quando o outro gosta da gente do jeito que a gente é. Simples assim. E percebemos que coisa boa de verdade é quando a gente não quer desfilar nossa conquista para os outros, mas quando acordamos (ambos) amassados, mal-humorados e loucos para passar o dia ao lado daquela pessoa. Só daquela. Por ninguém e com mais ninguém. E, mesmo feio, irritado e com remela, a gente é feliz."

[Antonio Fabiano Junior in Revista Gloss novembro de 2011]

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

"[...]Não quero o blábláblá encharcado de negatividade que grande parte das vezes não faz outra coisa além de nos encher de mais medo. Não quero falar sobre a hipocrisia que prevalece, sob vários disfarces, em tantos lugares. Hoje, não. Hoje, não dá. Não me interessam o diz-que-me-diz-que, os julgamentos, a investigação psicológica da vida alheia, os achismos sobre as motivações que fazem as pessoas agirem assim ou assado, o dedo na ferida[...].Hoje, me fala de você. Dos momentos em que a vida lhe doeu tanto que você achou que não iria agüentar. Fala das músicas que compõem a sua trilha sonora. Dos poemas que você poderia ter escrito, de tanto que traduzem a sua alma. Senta perto de mim e mesmo que estejamos rodeados por buzinas, gente apressada, perigos iminentes, faz de conta que a gente está conversando no quintal de casa, descascando uma laranja, os pés descalços, sem nenhum compromisso chato à nossa espera[...]"

[Ana Jácomo]
 Foto: Blake Lively e Leighton Meester

domingo, 13 de novembro de 2011

"... comecei a pensar em destino. 
O conceito louco de não sermos responsáveis pelas nossas vidas por tudo já estar predestinado, escrito nas estrelas. 
Talvez isso explique por que quando se mora em uma cidade onde não se pode ver as estrelas, sua vida amorosa tende a ser mais aleatória. 
Mesmo que todos os beijos, todas as dores no coração sejam encomendados por um catálogo cósmico, poderíamos seguir um caminho errado na nossa própria Via Láctea? 
Fiquei pensando: pode-se escapar do destino através de um erro?" 

[Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) episódio 18 da quarta temporada de Sex and the City]

Foto: Sarah Jessica Parker in Sex and the City

sábado, 12 de novembro de 2011

"É, eu confesso que não é exatamente a realidade que eu esperava encontrar. Talvez isso mude. Talvez você entre na minha vida sem tocar a campainha e me sequestre de uma vez. Talvez você pule esses três ou quatro muros que nos separam e segure a minha mão, assim, ofegante, pra nunca mais soltar. Talvez você ainda possa pular no rio e me salvar. Ou talvez eu só precise de férias, um porre e um novo amor. Porque no fundo eu sei que a realidade que eu sonhava afundou num copo de cachaça e virou utopia”.

[Caio Fernando Abreu]

Foto: Scarlett Johansson

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

"Muitas vezes os nossos relacionamentos de amizade são uns fracassos porque somos imaturos. Amigos não são o que imaginamos, mas o que eles são e com todos os defeitos. Amizade é processo de maturidade que nos leva ao verdadeiro encontro com as pessoas que estão ao nosso lado. Elas têm todos os defeitos, mas fazem parte da nossa vida e não a trocamos por nada deste mundo."

[Pe. Fábio de Melo]
 Foto: Blake Lively e Leighton Meester

Eu já mudei muito. Eu já mudei enquanto nem mesmo percebia pela ação silenciosa de acontecimentos. Eu já mudei coisas que eu nem acreditava ser capaz, poucas e valiosas. Eu mudo todo dia como toda gente. E também aquilo que, embora eu queira tanto, ainda não consigo mudar em mim me torna mais empática, mais generosa, mais confiante de que somos todos capazes das mudanças que podem nos tornar melhores, primeiro para nós mesmos, se não desistirmos de nós mesmos. Mas, no nosso tempo. Gentilmente. Com gratidão àquilo que já foi conquistado. Passo a passo daqueles que de verdade já conseguimos dar.

[Ana Jácomo]

“Ô minha filha, as suas dores não são as maiores do mundo e nem vão ser. Sacode a poeira. Toma um banho de rio. Abre essas asas. Grita alto, chora baixo. Pula alto e cai de cara. Desenha toda a beleza do mundo. Compra uma caixa de lápis de cor e sai aí colorindo a vida.”

[Tati Bernardi]


Foto: Foto:Leighton Meester

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

"Eu não duvido da força do amor, em nenhum setor da minha vida. Por isso eu me entrego de olhos fechados e sigo. Depois? Depois se for preciso eu cato os cacos e escrevo um conto, uma poesia, uma minissérie, um seriado, uma novela, de amor é claro."

[Denise Portes]

;;
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Sentimentos Soltos

Template by:
Free Blog Templates