segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Ética e vergonha na cara

Em uma corrida de Cross-country, o queniano Abel Muttai estava a poucos metros da linha de chegada, quando se confundiu com a sinalização, pensando que já havia completado a prova. Logo atrás vinha o espanhol Iván Anaya, que vendo a situação começou a gritar para que o queniano ficasse atento, mas Muttai não entendia o que o colega dizia. O espanhol, então, o empurrou em direção à vitória.

Um jornalista perguntou então a Iván:

– Por que o senhor fez isso?
– Isso o quê?

Ele não havia entendido a pergunta – e o meu sonho é que um dia possamos ter um tipo de vida comunitária em que a pergunta feita pelo jornalista não seja mesmo entendida -, pois não pensou que houvesse outra coisa a ser feita que não aquilo que ele fez.

– Por que o senhor deixou o queniano ganhar?
– Eu não o deixei ganhar, ele ia ganhar.
– Mas o senhor podia ter ganho.
– Mas qual seria o mérito da minha vitória, a honra dessa medalha? Se eu ganhasse desse jeito, o que eu ia falar para a minha mãe?

[Mário Sérgio Cortella em Ética e vergonha na cara]

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