quinta-feira, 10 de abril de 2025
Ela me olha por cima do ombro, os olhos glaciais, o sorriso suave como o lampejo de uma lâmina que acerta em cheio, fazendo sangrar o órgão vulnerável que bate por ela com tanta ânsia. Só por ela.
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Ela me incita a girar ao seu lado ao som da música, e ofereço meu mínimo a ela. Virando quando ela me arrasta pelo espaço, sentindo como se estivesse no caminho de uma lua prestes a cair: hipnotizado demais pela beleza da queda para sair do caminho. Para salvar a mim mesmo. Desta vez ela gira em meus braços… tão perto. Tão longe que chega a ser insuportável. É tentador aceitar a migalha que ela oferece.
…
Ela gira em minha direção, tropeçando em um fio. Eu me curvo e a seguro logo antes de ela cair no chão, envolvendo as costas expostas dela com os braços, nossos narizes quase se tocando. Os olhos arregalados dela se fixam nos meus. No instante em que Raeve exala, e o ar toca meu rosto… A celebração desaparece. Junto com a multidão. Com a música. Não há nada além dos olhos azuis-celestes, as respirações emaranhadas, e o peso dela tão bem-vindo em meus braços. A merda de uma lua poderia cair e eu não notaria.
[Sarah Parker in O despertar da lua caída]
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