segunda-feira, 2 de junho de 2008

A morte das coisas


Ontem eu fui dormir pensando em te deixar. Não sei qual dos erros dispostos a nós escolheste pra errar, mas ontem fui dormir com vontade de te deixar. Vontade de acordar hoje sem a tua lembrança, sem tuas ironias, sem teus pesares, sem teus sonhos e tuas pessoas, porra, eu só queria te deixar. Queria mesmo porque ontem em algum momento eu me vi do jeito que eu me veria se pudesse ver, entende? Ontem eu senti vontade de mandar você a merda, de falar que eu não lembro de droga nenhuma e que droga nenhuma me importa. Senti vontade de dizer que eu não acredito em nenhuma palavra que teus lábios de carne macia pronunciam. Ontem fui com vontade de te esquecer, de passar por essa sem ti ou de (quem me dera!) nem passar por essa. Ontem me perguntei que diabos estou eu fazendo aqui? Que pouca coisa eu quero? Caramba, ontem eu vi muita coisa. Cara, se tu pudesses enxergar seria lindo porque aí eu te mostraria como eu sou consciente, como eu acredito no realismo e no caminhar lógico das coisas, como eu vou fazer pra te deixar. Não que eu não queira ficar, sei lá, ontem eu só fui dormir com vontade de te deixar. Só. De acordar hoje e te ligar e te dizer que é pra você me esquecer, esquecer dos sóis que perdemos e que não vão mais aparecer, do tanto de gente que pagava pra nos ver. Vai, esquece. E vai me desculpar? Eu não quero não, ontem eu vi, e já te disse que seria extremamente lindo se tu pudesses ver também? Pois é. Queria que você visse porque aí apertaríamos as mãos e acenaríamos como bons canalhas fazem prometendo não fazer guerra. Como só os bons de guerra fazem. E seria lindo, muita coisa seria linda. Eu vou aí contigo, mas, olha, eu tenho que te dizer e você precisa mesmo saber que ontem eu pensei em te deixar. E hoje eu não sei mais.

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