terça-feira, 31 de março de 2009

Artur

"E então à trombeta soou.
A trombeta deu uma nota clara, fria, como nenhuma que eu tivesse ouvido antes. Havia uma pureza, uma pureza fria e dura diferente de tudo na terra. Soou uma vez, soou duas, e o segundo toque bastou para fazer com que até mesmo os homens nus parassem e se virassem na direção do leste, de onde o som viera.
Também olhei.
E fiquei pasmo. Era como se um novo sol brilhandte tivesse nascido no fim daquele dia. A luz cortou as pastagens, cegando-nos, confundindo-nos, mas então ela se desviou e vi que era apenas o reflexo do sol verdadeiro, olhando de um escudo polido até brilhar como um espelho. Mas aquele escudo era seguro por um homem como eu nunca tinha visto antes; um homem magnífico, um homem montado num grande cavalo e acompanhado por homens iguais; uma horda de homens espantosos, homens emplumados, homens com armaduras, homens que brotaram dos sonhos dos Deuses para vir a este campo da morte, e sobre as cabeças emplumadas dos homens flutuava uma bandeira que eu viria a amar mais do que qualquer bandeira em toda terra de Deus. Era a bandeira do urso.
O chifre soou uma terceira vez, e de repente eu soube que iria viver, e estava chorando de alegria e todos os nossos lanceiros estavam meio chorando e meio gritando e a terra estremecia com os cascos dos cavalos daqueles homens que pareciam Deuses, que vinham nos resgatar.
Porque Artur, finalmente, tinha chegado."
(Bernard Cornwell in O rei do inverno, pág 126)

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