quinta-feira, 19 de março de 2009

Poema XV

 
Gosto quando te calas porque ficas como ausente,
e me ouves desde longe, e minha voz não te alcança.
Parece que teus olhos tivessem voado
e parece que um beijo te cerrasse a boca.
Como todas as coisas estão cheias de minha alma...
emerges tu das coisas, cheia de minha própria alma.
Borboleta de sonhos, és como minha alma
e te pareces com a palavra melancolia.
Gosto quando calas porque ficas como ausente,
estás como que se lamentando, borboleta que sussurras.
Me olhas de longe e minha voz não te alcança.
                                       Deixa que me cale com teu silêncio.
Deixa que eu também fale com teu silêncio,
Iluminado como uma lâmpada, simples como uma aliança.
És como a noite quieta e estrelada,
teu silêncio é como uma estrela, tão distante e singelo.
Gosto quando calas porque ficas como ausente.
Distante e dolorida como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso basta.
E já fico feliz, feliz com aquilo que não é certo.

(Pablo Neruda in Vinte poemas de amor)

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