terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Vou amar mesmo assim

"E, nesse mundo, ninguém precisa trocar amor por coisa alguma, porque ele brota sozinho entre os dedos da mão, e se alimenta do respirar, do contemplar o céu, do fechar os olhos na ventania e abrir os braços antes da chuva. Mesmo quando o outro vai embora, a gente não vai. A gente fica e faz um jardim, um banquinho cheio de almofadas coloridas e pede aos passarinhos não sujarem ali, porque aquele é o banquinho do nosso amor, do nosso grande amigo. Para que ele saiba que em qualquer tempo, em qualquer lugar, daqui a quantos anos, não sei, ele pode simplesmente voltar, sem mais explicações, para olhar o céu de mãos dadas. Eu não quero passar a minha existência pulando de pedra em pedra, tomando atalhos de relações humanas. Eu vou mergulhar com o meu amigo, ainda que eu tenha de ficar em silêncio."
[Rita Apoena]

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